top of page

CAPITULO 2.

A SALA DE AULA INVERTIDA DE CIÊNCIAS (FLIPPED CLASSROM)

Introdução

Atualmente, com o avançar das tecnologias digitais, as pessoas estão mudando suas maneiras de interagir com o meio, e, por consequência, as formas de aprender também estão mudando rapidamente. Partindo da ideia de que esse princípio é um fato e não uma hipótese, necessitamos de um novo olhar sobre o ensino de Ciências na era digital. Além disso, é preciso pensar formas de aprendizagem que, além de incentivar a capacidade cognitiva do estudante, também seja possível o desenvolvimento de atitudes, habilidades e competências que sirvam para auxiliá-lo em seu cotidiano, em seu bem-estar, em desenvolvimento da sua comunidade, bem como em profissões futuras que ele possa ter. Nesse sentido, nasce, no começo dos anos 2000, o conceito de Flipped Classroom, Sala de Aula Invertida (SAI), apresentado na 11th International Conference on College Teaching and Learning em Jacksonville, Flórida, por J. Wesley Baker. Em seu trabalho, Baker (2000) sugere a otimização do tempo do aluno em sala de aula para aprofundamento dos temas, enquanto é enviado, previamente, de forma on-line e pelo professor, o material expositivo para o estudo individual. No ensino tradicional, o espaço de sala de aula é usado para apresentar ao estudante um novo conteúdo, normalmente de forma expositiva, e as tarefas mais complexas – como aplicar e sintetizar o conteúdo e se avaliar – são trabalhadas em casa, individualmente e sem a oportunidade de tirar dúvidas e discutir com colegas e/ou professor (TALBERT, 2019). A SAI entra em cena com uma proposta de inversão. Ou seja, o conteúdo novo é apresentado on-line e estudado individualmente e previamente, fora do espaço de sala de aula, que, por sua vez, vai trabalhar com as abordagens mais complexas. 50 Metodologias e Estratégias Ativas: um encontro com o Ensino de Ciências Na mesma época, surge o termo Inverted Classroom, também traduzido para o português como “Sala de Aula Invertida”, sendo apresentado por Lage, Plate e Treglia (2000), os quais verificaram o sucesso de sua aplicação. Posteriormente, em 2006, o termo Flipped Classrom ganha notoriedade com a divulgação dos trabalhos realizados por dois docentes, Aaron Sams e Jonathan Bergmann. Eles colocaram em prática o conceito proposto por Baker (BERGMANN; SAMS, 2012) e sugeriram a gravação de aulas teóricas para que os alunos pudessem assistir em suas casas, da maneira como quisessem, e ganhassem tempo em sala de aula, a fim de discutirem os conceitos não compreendidos, “Assim, [...] eles podem optar por acelerar o próprio ritmo e avançar o programa. [...] aprendendo valiosas competências para a vida, ao gerenciarem com eficácia o próprio tempo” (BERGMANN; SAMS, 2012, p. 22). Nesse contexto, surgem um guia e uma rede de associados com o tema. O Flipped Classroom Field Guide2 é uma compilação de práticas e recursos recomendados para a aplicação da SAI. E o Flipped Learning Network (FLN)3 , uma entidade com mais de 25.000 educadores dos Estados Unidos, divulga conceitos sobre a aprendizagem invertida para que educadores possam implantá-la com sucesso. A nossa proposição, neste capítulo, é apresentar reflexões sobre a SAI, centrada nos estudantes, em Ciências, como processo indissociável de ensino- -aprendizagem. Em alguns momentos, o leitor encontrará na literatura a expressão “Aprendizagem Invertida” ou Flipped Learning. Entretanto, conforme Schmitz (2016, p. 42), há uma diferenciação entre o conceito de Sala de Aula Invertida e Aprendizagem Invertida, pois, para o autor, indicar a leitura de um artigo antes da aula consiste em uma inversão de sala, mas isso somente não significa uma inversão da aprendizagem. Talbert (2019) chama de invertida devido à inversão (flipping) das atividades que ocorrem nos vários contextos de uma disciplina. 2 Flipped Classroom Field Guide é uma compilação de práticas de inversão de sala de aula desenvolvida por uma comunidade de instrutores/educadores. Disponível em: encurtador.com.br/ mvP56. 3 Flipped Learning Network é a comunidade on-line, sem fins lucrativos, para educadores que utilizam ou interessam em aprender mais sobre a sala de aula invertida e as práticas de aprendizado invertidas. Seu endereço eletrônico: flippedlearning.org. A SALA DE AULA INVERTIDA DE CIÊNCIAS (FLIPPED CLASSROM) 51 As reflexões para a SAI estarão voltadas para o desenvolvimento da Alfabetização Científica (AC) no contexto escolar e amparadas pela possibilidade de usar algumas tecnologias digitais educativas, para que os estudantes consigam tomar decisões, agir sozinhos e em equipe, trabalhar suas habilidades de pensamento crítico, criativo e a percepção de que existem várias maneiras para a realização de uma tarefa (BACICH; MORAN, 2018).

Quadro verde
Logo GEPAMEC.png
Logo GEPAMEC.png
Logo GEPAMEC.png

DESENVOLVIDO POR lORRANY FONSECA 2023 © e GERALDO FERNANDES 2024 ©

bottom of page